quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

As palavras




As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

1 comentário:

Jacarée e Baby disse...

As derradeiras palavras
acaraciam com esperança e amor.
Escondidas vibram e batem no
coração estremecem...despertando o desejo fulmugante do brilho
Secretas, inúmeros enseios
beijam ao cair da noite
outras insperadas mudam de rumo arrastam pro fundo da escuridão
são lâminas afiadas q fazem sangrar com desgostos
o coração.
Bjs