quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

desejo...


amanhã é o ultimo dia. de quê? de um ciclo apenas. de resto, será um dia como os outros, será uma noite como as outras. nada mudará na minha vida. talvez aproveite para repensar algumas coisas. como em muitas outras coisas, preciso de marco, de um inicio, de um ponto de partida. veremos se amanhã me sinto com energia para um recomeço dentro de mim mesma....





desejo a todos que 2010 seja um excelente ano!



beijos & abraços

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

o tempo


queria pedir ao tempo que abrandasse....não estou capaz de alcançar o presente...nem as horas, nem os dias, nem as semanas, nem as pessoas, nem os sorrisos....apenas o tempo a correr como louco à minha frente e eu de olhos fechados, cuidando apenas para não cair, tentanto acompanhar as suas velozes pernas.....

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

pensamentos em dia de chuva...

imagem retirada da net

uma coisa boa num dia de chuva: algo que escrevi em tempos inspirou alguém a fazer uma boa acção

por outro lado, a chuva faz-me sentir saudades do aconchego de um abraço...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

feliz natal!


um feliz natal para todos, é o meu desejo mais sincero neste momento. que sirva este dia para trazer paz a quem mais precisar dela...


beijinhos & abraços





sábado, 24 de outubro de 2009

Chuva


Aniversário... chuva... não são palavras que liguem bem, mas esta chuva fez-me lembrar um aniversário...há uns dias fez cinco anos que pedi ao homem que foi meu marido para se ir embora de casa... nunca deixo de me lembrar destes aniversários....mesmo que façam lembrar muitas coisas tristes....

Hoje olhei pela janela, vi as gotas de chuva no vidro a deslizarem devagarinho e pensei no tempo que passou, cinco anos, cinco longos anos. Também ha cinco anos estava a olhar pela janela a ver a chuva lá fora, as gotas a deslizarem devagar pelo vidro e as lágrimas a deslizarem devagar pelo meu rosto... isso foi ha cinco anos....hoje já não choro....




terça-feira, 13 de outubro de 2009

pensamentos...


às vezes, mas só às vezes, sinto a falta do amor...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma verdade inegável

"Tens razão, a tua couraça protege-te de quem quer destruir-te. Mas se não a tirares, afastar-te-á também de quem quer amar-te"
Fernão Capelo Gaivota

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tristezas...





Os meus passos faziam eco na calçada molhada torturando os meus ouvidos. O dia acordara chuvoso e feio e eu ainda mais. Há muito que as lágrimas tinham tomado conta dos meus dias. Há muito que a vontade de rir desaparecera e fora substituída por lágrimas salgadas que a qualquer momento saltavam e me deixavam embaraçada perante quem por perto estivesse. E aquele dia não era excepção. Estava triste, triste, muito triste. A angústia fazia agora parte do meu dia como o café ou o cigarro ou o banho. Olhei o céu cinzento enquanto percorria a distancia do carro ao escritório e pareceu-me ainda mais feio do que antes. A chuva recomeçara a cair. Não tinha trazido guarda-chuva e aos poucos o cabelo longo e solto começou a pingar. O casaco demasiado fino para época ficou ensopado e eu tiritava. As árvores mudas e quietas vigiavam-me e não me davam abrigo. Uma lágrima rolou, mas ninguém viu porque a água da chuva fundiu-se com ela.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

pensamentos...

eu comecei a escrever por aqui apenas com o intuito de ter um blog anónimo, uma vez que já tenho outros, na plataforma sapo, muito pouco anonimos. no entanto, não tem graça nenhuma escrever para que ninguém nos leia. neste espaço blogoesférico é bonito é a interagir. o que é pena é que assim não consigo dar asas à imaginação. e não posso nunca esquecer as convenções da sociedade. enfim. a vida é complicada.

domingo, 14 de junho de 2009

ingenuidade...





não entendo como é que eu ainda me admiro com a capacidade que o ser humano tem de magoar o outro... com esta idade já deveria ser menos ingénua....

terça-feira, 9 de junho de 2009

Lidia




Lúcia fechou os olhos com muita força, com tanta que ficou com os olhos a doer. Queria desesperadamente impedir-se de ver, era isso. Talvez assim o mal desaparecesse por si só, e ela não tivesse que o enfrentar. Estava encolhida, joelhos e queixo no peito, mãos em volta das pernas. Um frágil lençol cobria-lhe o corpo todo, mas não chegou para a esconder dele, do filho. Aquele que ela gerara e saíra de dentro do seu corpo.
- Onde está? – Gritou ele com voz de nojo.
Silencio.
- Onde está? Diz-me! Já!
Tirou-lhe o lençol de cima com violência deixando a descoberto um monte de ossos, envoltos num fino pijama de algodão cor-de-rosa.
- Diz-me! Tu sabes que preciso do dinheiro, carcaça velha!
Ela limitou-se a estender o braço e apontar para a caixa da costura debaixo da janela.
Ouviu-o abrir a caixa, tirar tudo para fora com violência desnecessária e por fim, como para se vingar de algo que ela não sabia bem o quê, dar um pontapé na pequena caixa de costura amarela.
Ouviu-o depois sair, batendo com a porta da frente. Não o vira sequer. Não tinha coragem de enfrentar aquele olhar de dor e de maldade. Seria possível ter sido ela a gerar aquele monstro?
A custo levantou-se e olhou o céu azul por entre as cortinas que dançava ao sabor do vento na janela aberta. Sentiu o estômago vazio. Doía-lhe já há vários dias. Agora não sabia sequer como iria comprar o jantar, o almoço do dia seguinte e todas as outras refeições que se seguiriam até voltar a receber a reforma. Sabia que na aldeia todos confiavam nela e de certeza que o Ti Zé da Venda lhe fiava as compras do mês, mas também sabia que quando lhe pagasse ficaria sem dinheiro para as contas, os remédios, a comida e para o apetite voraz por dinheiro do seu filho perdido no vicio das drogas.
Escondeu a cara nas mãos e tentou chorar, mas em vão. Estava esgotada. Seca. Já chorara demais por ele.
João nascera já ela ia adiantada na idade. Ficara viúva ainda ele gatinhava e desde então vivera exclusivamente para aquele filho. A infância correu bem, era bom aluno, amigo dela, na adolescência já as coisas correram pior. Cedo começou a fumar e a fugir à noite pela janela para sair com os amigos. Depois começou a fumar erva e por fim perdeu-se nas drogas duras. A escola ficou por acabar e não havia emprego que lhe servisse. Agora Lúcia não sabe do que vive aquele filho. Sabe que o dinheiro que ele leva de sua casa não chega matar os vícios. Imagina então, histórias rocambolescas, que talvez não o sejam assim tanto, sobre a forma como ele arranja dinheiro para os vícios, para as sandes de queijo e para as cervejas que bebe, umas a seguir às outras no café central.
Já eram três da manhã e Lúcia continuava às voltas na cama. Doía-lhe o estômago vazio. Levantou-se a custo e foi à cozinha em busca de uma chávena de chá. É triste ser velha e estar só. Também é triste ser jovem e estar só, mas a condição de velha recusa-nos os movimentos, tolhe-nos os pensamentos e acentua o sofrimento, a saudade. Pôs a água ao lume para que fervesse. Abriu o armário onde há mais de quarenta anos guarda o chá. Nada. Estava vazio. Apenas uma bolacha partida e perdida. De resto, nada. Nada. Um armário vazio, e outro e outro. A lata do café também estava vazia. Derrotada, Lúcia deixou os braços cair ao longo do corpo e um estrondo de metal no chão que poderia acordar a vizinhança ecoou no silêncio. Uma lágrima e outra e outra. Estranha esta vida. Tanta esperança depositada num futuro que se revelou vazio, triste, perdido, negro. Aquele filho a quem tanto amou era agora o responsável por todo o seu sofrimento, por tanta e tanta dor. Voltou a deitar-se com o estômago vazio e dorido e com alma mais dorida ainda. Adormeceu já o galo cantava e as pessoas passavam na rua para a missa primeira.
O dia passou igual a tantos outros, com a diferença que tinha fome e não sabia como arranjar dinheiro para comer. Não tinha família. Os amigos há muito que a tinham abandonado recriminando-a por ajudar aquele filho transviado. Não tinha a quem recorrer. As vezes o pároco ajudava-a, dando-lhe comida ou roupa. Mas ela tinha vergonha e agora evitava até de ir à missa. Sentia vergonha da sua condição de velha sozinha, de mãe frustrada, de mulher desamparada.
Ficou o dia todo entre o sofá e a cama, demasiado fraca para reagir. À noite teve novamente a visita do filho.
- Mãe. Preciso de mais. Estou desesperado.
- Eu não tenho mais…. - Lia-se nos olhos dela o medo.
- Mas eu preciso! Não sabes o que sinto! As dores! É insuportável!
- Mas eu não tenho….levaste tudo o que tinha… passei o dia sem comer….
- Não quero saber! Vai pedir! Tens que me ajudar! Como podes ver o teu filho assim, cheio de dores e nada fazeres? Como podes ser tão desumana?
Noutros tempos ela ficaria verdadeiramente indignada com palavras como estas. Como era possível que aquele filho por quem tudo fizera lhe dissesse semelhantes coisas? Como era possível que não visse que não tinha mais o que lhe dar? Que se esgotaram todas as possibilidades, todo o manancial? Mas o que mais lhe custava era saber que ele não se importava com ela, nem com o seu bem-estar. Nada. Não tinha sentimentos por ela. Era apenas um meio de conseguir dinheiro. Agora, que já ouvira as mesmas coisas vezes sem conta já não conseguia sentir nada… respondia mecanicamente para não enfurecer ainda mais aquele ser descontrolado pelas drogas e pelos maus tratos da vida.
- Dá-me mãe! Dá-me mãe!
- Não tenho filho, não tenho…
Estava encolhida num canto do sofá. Ele de pé, olhando-a do alto, assustou-a verdadeiramente. Viu nos olhos dele uma loucura que nunca tinha visto antes. Uma raiva incontrolável. Viu nos olhos do filho uma cegueira sem retorno.
- Eu preciso! Eu preciso!
Já não valia a pena responder. Já não havia sequer resposta. Ele voltou-se e olhou em volta. Abriu gavetas, derrubou vasos. Os gatinhos de porcelana caíram com estrondo no chão. Abriu portas de armários e tolhas de linho e naperons de crochet foram parar ao chão espezinhados. Nada ficou no lugar, nada ficou inteiro. A loucura ergueu o braço daquele filho e deixou-o cair no corpo da mãe. Uma vez e outra. Uma vez e outra. Um urro saiu-lhe da garganta. E ela, encolhida, magoada, dorida, humilhada, derrotada, caída no chão, assim ficou quando ele se foi embora, não tendo sequer o cuidado de fechar a porta atrás de si.
Lúcia fechou os olhos e decidiu morrer. Não valia a pena a vida. Para que? Que tinha ela na vida? Que poderiam significar aqueles dias iguais, uns atrás dos outros? Para que?
Fechou os olhos e sentiu a vida sair-lhe pelos poros, sentiu-se elevar e percebeu que estava no tecto. Já não lhe doía nada. Que grande alivio pensou ela. Pena que as coisas estivessem todas destruídas. Não fazia mal. Já não serviriam para mais ninguém. João nem sequer voltaria a por os pés naquela casa. Eram coisas de velha, fosse como fosse. Ninguém hoje em dia quer coisas de velha.
Foi então que Lúcia reparou em si. Estava ali no chão, em posição fetal. Um fio de sangue escorria-lhe pela boca. Os olhos fechados. A roupa em desalinho. Os cabelos brancos despenteados faziam-na parecer ter mais de cem anos. Nunca antes se vira assim. Curiosamente, não era esta a imagem que o espelho costumava reflectir. Achou-se mais feia. No entanto, o seu rosto parecia ter sido tomado de uma estranha paz. Há quanto tempo estaria ali assim? O sangue tinha-se espalhado e estava agora a chegar à carpete de cor castanha. Não se notaria muito se alguém a quisesse levar e lavar. Ouviu um ruído de vozes que pareciam estranhar algo. Eram as vizinhas que viram a porta aberta e entravam de rompante e viam-na ali estendida no chão. Uma pôs a mão na boca e começou a chorar, a outra soltou um gritinho de horror. A mais expedita ajoelhou-se e pôs a mão em frente a minha boca na esperança que ainda respirasse. Virou-se para as outras e abanou a cabeça em sinal de negação.
- Isto foi coisas do João…- disse a Tia Rosa do canto, vizinha de porta que bem sabia o que era o João e no que andava metido.
Uma ambulância veio buscar o corpo de Lúcia. As vizinhas foram para suas casas e ela já não tinha mais nada a fazer ali, naquele silencio estranho de uma casa que ela já não habitava. Acabara-se tudo de vez. Depois, como nos filmes, deixou-se fechou, os olhos, deixou-se cair e desapareceu. Para sempre.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

da solidão

desde há algum tempo para cá que só tu me fazes chorar. eu não quero, mas quando penso na tua ausência propositada, nas conversas que poderíamos ter, nos beijos que poderíamos trocar, em tudo o que poderíamos ser e não somos e não temos, um soluço gigantesco fica preso na minha garganta impedindo-me de respirar. depois, só o manancial de lágrimas me lava a alma e me permite continuar, passo a passo a vidinha do costume. de resto, a maioria do tempo nem me lembro que existes. são picos de solitária dor. ainda bem que são poucos, porque agora não tenho tempo para sofrer.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Poema de fim de tarde...

Cláudia Moreira
(Gaia)
A luz diáfana do fim da tarde
o cheiro intenso da maresia
a esperança em mim ainda arde
ao contrário daquilo que eu dizia
quero ser feliz urgentemente
afogar a angustia e a tristeza
viver a vida intensamente
disso tenho eu agora certeza
caminho na areia ainda quente
e olho as gaivotas a pairar
e em mim cresce então o desejo urgente
de pela tristeza não me deixar derrotar...
Cláudia Moreira

domingo, 19 de abril de 2009

pôr-do-sol

foto da minha autoria, tirada na praia de valadares-gaia, num fim de dia primaveril

preciso desta calma como de pão para a boca. há muito tempo que não visito este mar, este sol, esta quietude que me apazigua a alma. sinto falta de ti. preciso de deitar a cabeça no teu braço e fazer de conta que a vida é fácil e que estou feliz.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pensamento...

Tenho uma estranha sensação.Estou a viver num mundo paralelo. Não pode ser mais nada. A minha realidade não é tão estranha assim....

quarta-feira, 25 de março de 2009

Eu


Por fora não se vê nada. Entre beijos em bochechas fofas e infantis e ralhetes acidentais, entre jantares e pequenos-almoços e estender roupa para secar, sou simplesmente uma mulher normal. Também no trabalho sou uma mulher normal, de saltos altos organizo papeis e distribuo bons dias. Vêem-me passar e não vêem nada. Vou às compras e ao ginásio. E também rio e choro e grito e ralho e murmuro e suspiro e como e corro e faço tudo o que faz uma mulher normal. No entanto, quando olho dentro de mim vejo uma pessoa sem idade, desejosa de liberdade, aflita por amor. Por fora não se vê nada. Não se vê que sofro, que me debato com os meus monstros. Por fora não se vê que sonho com lugares mágicos onde não é preciso chorar. Por dentro sou eu, sem véus diáfanos a cobrir-me o rosto. Ninguém me conhece, ninguém sabe quem eu sou. O que conhecem de mim é apenas uma pequena parte. O resto está escondido numa alma sufocada pela rotina e que ninguém quer conhecer. Por dentro de mim há um mundo de emoções e de sensações que ninguém suspeita. Mas por fora não se vê nada. Sou uma mulher normal.

segunda-feira, 16 de março de 2009

No meu sonho....


No meu sonho não me achaste gorda nem feia e nem sem graça No meu sonho chegaste de mansinho por trás de mim e agarraste-me como quem dança, obrigaste-me a olhar-te no olhos e chegaste os teus lábios, devagarinho, como se tivesses medo de magoar os meus. O toque dos teus lábios era macio, suave, quente. Eram doces os teus lábios. Senti-os, saboreei-os. O teu abraço era forte sem ser bruto. Rodeavas a minha cintura com firmeza como se tivesses medo que fugisse do teu abraço. A outra mão afastava os meus cabelos da cara, suavemente, numa carícia prolongada. No meu sonho fechavas os olhos e gemias baixinho mostrando o quanto me desejavas naquele momento. No meu sonho as nossas ancas estavam bem juntas, o ventre colado, o teu peito arfando com o meu. Cheiravas tão bem, um cheiro doce de flores exóticas e cheiravas a ti, da tua pele emanava o teu cheiro, a tua essência. No meu sonho ficamos ali a beijar-nos muitas vezes, sempre devagarinho, de olhos fechados, sentido a pele um do outro na palma das mãos. Passei a minha mão pelo teu cabelo macio, sentindo-o passar suavemente por entre os dedos, acariciei o teu rosto de barba por fazer. Pedi a tua mão para a beijar, e depois pousei-a no meu pescoço para que o acariciasse.
No meu sonho fizemos amor.

Como pássaro ferido...


Vi-a num dia de chuva miudinha, quando passeava por entre as árvores despidas de folhas verdes. Já sabia da sua existência, mas só naquele preciso momento me dei conta de que era verdadeiramente real e sofria. Vi-a no chão sangrando e apanhei-a como apanharia um pássaro ferido. Envolvi-a em pedaços de algodão macio e acarinhei-a. Disse-lhe palavras ternas e falei-lhe dos sítios magníficos para onde poderia um dia voar. Durante algum tempo cuidei dela e ficamos ligadas para sempre. Nunca deixo de a sentir. Mesmo agora que voou pelo céu aberto, sinto-a sempre, esteja onde estiver. Quando sofre eu sei, quando ri eu sei e quando ama também sei. Na outra noite sentia-a chorar e fiquei triste. Queria passar-lhe a mão na cabeça e jurar-lhe que tudo vai passar e ficar bem, mas não posso. Sinto a minha alma mas não a vejo. Sei que deve andar escondida por entre as arvores, soluçando escondida do mundo que lhe faz mal. Vou ficar atenta, não vá cair novamente no chão e não haver ninguém por perto para a apanhar.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Choro, sim

A ouvir enquanto escrevo e sinto....


Choro, sim, finalmente deixo-as sair
Transborda a minha alma magoada
Nada posso fazer, não as posso impedir
Sinto-me só, vazia e amargurada

As lágrimas não mais quero esconder
Nem esconder meus sentimentos
Não importa, não quero nem saber
Se alguém ouvir meus pensamentos

Os mais tristes, os mais angustiantes
Que tenho dentro do peito guardados
Deixo-os sair por breves instantes
Já estiveram tempo demais fechados

Dói a solidão que trago dentro de mim
E dentro de mim ouço algo rasgar
É a minha alma que está triste e assim
Desiste de tudo e de todos e até de lutar

Não quero pensar não quero sentir
Estou cansada desta luta inglória
Só quero deitar um pouco e dormir
E amanhã recomeçar a minha historia…


Cláudia Moreira

Livre...

Abri os braços. Olhei em frente e perdi os olhos no azul brilhante do céu. E se tentasse voar? Respirei fundo e pude sentir que os meus pulmões se enchiam de ar e eu me tornava mais leve. Ordenei que os pensamentos negros abandonassem a minha cabeça e fiquei ainda mais leve. E se tentasse voar? Fechei os olhos e de braços abertos, deixei-me cair. Uns segundos e senti o meu corpo fluir pelo céu. Estava a voar. Lá em baixo, o mar na sua imensidão. Estava a voar…

Uma lágrima

às vezes, sem razão aparente, uma lágrima salta dos meus olhos. não a vou impedir, embora ela esteja ali para me lembrar que algo vai mal no mais profundo do meu ser.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Pensamentos ...

De repente algo estalou dentro mim. Há pensamentos assim. Chegam sem se fazer anunciar e fazem doer...

O lago


Havia muito que caminhava. A minha boca estava seca e sabia a pó. Os meus pés mal suportavam tocar o chão. Há tanto tempo que caminhava sem rumo que me sentia profundamente cansada e abatida. O sol abrasador tinha deixado marcas profundas na minha pele branca e o meu andar, outrora seguro, era agora periclitante e errático. Sentia-me perto do fim. Olhei o horizonte e pareceu-me ver algo azul. Pensei: é uma miragem. Desfaleci.
Quando abri os olhos estava deitada numa cama feita de seda à beira de um lago. O lago. Uma mulher jovem limpava-me o rosto com um pano macio. Estava lavada e já não tinha sede. Soergui-me e pude ver que o lago era azul-escuro, como os meus olhos. De um lado salgueiros-chorão, do outro, choupos. Vi vários homens e mulheres deitados na relva. Uns liam, outros desenhavam, outros deitados de costas viam as nuvens lá no alto. Vestiam-se de azul. Túnicas azul céu de seda esvoaçante. Pareciam em paz. A mulher olhou-me e sorriu. Eu sorri também. Com um gesto convidou-me a levantar e avançar até ao lago. Entrei de mansinho, um pé depois do outro. A água era fresca e límpida. Não senti frio. Fui entrando até não ter pé. Abri os braços e deslizei pela água. De costas, deixei-me estar ali no meio do lago, flutuando. Via os fiapos brancos no céu mais azul que alguma vez tinha visto e senti a tranquilidade invadir cada bocadinho do meu corpo. Fechei os olhos para melhor poder gozar o momento. Quando os abri, já estava a escurecer. Vi-me envolta na penumbra. O lago reflectia a cor cálida das fogueiras na praia. Estranho, pensei, não senti frio, nem fome, nem cansaço. Que lugar seria aquele que o frio e a fome não se faziam sentir? Nadei até à margem e sai caminhando na areia pelo meio das fogueiras. No céu a primeira estrela despontava brilhando suavemente. Um homem esperava por mim. Quando cheguei perto estendeu-me a mão e disse-me:
- Chegaste a casa finalmente. Que bom. Estava à tua espera.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Fecho os olhos e...


Daqui não o vejo, mas sei que está por perto. Sinto-o. Fecho os olhos e vejo-o. Está perfeito. Vem ter comigo e abraça-me, acaricia-me. Obriga-me a abrandar o ritmo. Mal se nota que respiro porque a tranquilidade invadiu o meu corpo e me deixou languida. Deito-me na areia branca e deixo que me aqueça cada centimetro de pele. O cheiro da maresia invade-me, refresca-me. A areia é quente, mas macia. Sinto-a nos pés descalços. Queria abrir os olhos, mas não o faço. Sei que se os abrir vou voltar à realidade e não quero. Não me apetece sair dali. Não queria abrir os olhos nunca mais. No sonho que sonho acordada imagino que o mar é azul, tão azul que o mar e o céu se confundem. Uma brisa ligeira agita-me os cabelos e faz-me sorrir. Foi uma caricia.


Abro os olhos. Não sei quanto tempo passou. O encantamento desapareceu. A realidade é mais feia. Deixo o sol e a areia e o mar irem embora. Vão, vão, vão embora, digo eu, mas não se afastem muito, em breve sonharei de novo....

segunda-feira, 9 de março de 2009

As estrelas e as flores de papel

Vi as estrelas. Aqui ainda se vêem as estrelas nos raros momentos em que nos lembramos que olhando para cima há uma obra de arte para admirar. Muitos já não se lembram da ultima vez que viram uma estrela no ceu. Como se pode viver sem olhá-las? Sem imaginar que se pode voar de estrela em estrela, brincar com a cauda de um cometa? Não as entendo, a essas pessoas que perderam a capacidade de imaginar. Nem entendo que se esqueçam que o mundo não é só feito de trabalho e dinheiro e problemas, mas também é feito de mar e de estrelas e de flores.






Nem uma brisa corre nestas ruas que calcorreei e por isso as magnólias e as camélias parecem feitas de papel, de tão quietas que estão. Não pareciam reais. Estiquei a mão para lhe tocar, mas pareciam mais longe a cada passo meu. A luz mortiça dos candeeiros da rua fazia-as parecer irreais. Ou pinturas. Pareciam pinturas. São tão belas as flores. Estão resguardadas por grades como se fossem objectos preciosos de valor incalculavel que ninguem pode tocar. É pena, coisas tão belas deveriam ser mantidas ao alcance de todos. As coisas belas quando tocadas têm o condão de passar imediatamente boas sensações a quem as toca.
Caminhei pelas ruas desertas, respirei o ar frio da noite e ouvi os meus passos. Admirei as flores e as estrelas, um gato passou por mim devagar. A par disso, os meus pensamentos eram tantos e sobre tantas coisas que tive que me obrigar a parar de pensar. Foi aí que vi as estrelas e sorri.

domingo, 8 de março de 2009

O espelho






Tenho um espelho partido. Todos os dias passo por ele, deito-lhe um olhar distraido, confirmo que sou eu e sigo a minha vida. Hoje olhei-me no espelho partido com mais atenção e disse:

- Estou velha...

O espelho devolveu-me o comentário com o silêncio. Insisti.

- Estou velha...

Novamente o silencio. Olhei-me novamente e vi cabelos brancos. Vi pequenas rugas em volta dos olhos. Vi alguns quilos a mais que pareciam ter idos todos parar às bochechas. Atentei nos olhos. Eram olhos de velha. Olhar mortiço e sem brilho. Olhar de quem já não sonha. Olhar de quem sofreu e chorou. Olhar onde se lê que o fim não estará longe. Procurei o bilhete de identidade e confirmei a data. Parecia estar tudo correcto como da ultima vez que o vi. A idade batia certo com o que me lembrava, tudo parecia nos seus devidos lugares. Mas não batia certo com aquele olhar. Porquê aquele olhar? Não compreendi. Não me apeteceu chorar. Peguei num pano negro e tapei o espelho.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Pensamento...


Escrevi uma história de amor


suave, intensa, cheia de cor


escrevi-a em vez de a viver


porque me faço sofrer?





não sei.






quarta-feira, 4 de março de 2009

Nada mudou











O sol não parou de brilhar
O mar não parou de subir e baixar
As flores não pararam de crescer
E o vento não parou de correr
A chuva não parou de cair
E o calor fez-se na mesma sentir
A neve continua branca e bela
E a flor do campo continua amarela
Os pássaros fazem ninho nos beirais
Como em todos os anos, iguais
O nono mês é Setembro
Tal como desde que me lembro
O cheiro das rosas continua maravilhoso
Assim como o da canela delicioso
Nada no mundo mudou
A ordem das coisas não se alterou
Todas continuam no mesmo lugar
Onde se acostumaram a estar
E nem choveram meteoritos
Nem ouvi ninguém aos gritos
Só porque tenho a alma vazia
Que ao contrario do que se dizia
Ainda ninguém veio preencher
E assim, aos poucos, foi fácil esquecer
Como se ama alguém de coração
Ficando apenas a eterna solidão!




Cláudia Moreira
“Poemas de Amor e Desamor”

segunda-feira, 2 de março de 2009

não tenho voz




às vezes tenho a sensação de que a minha vida é como um sonho. um sonho daqueles em que as nossas bocas se movem formando palavras, pedidos de socorro, gritos de desespero, mas nem um único som nos sai da garganta...

não tenho voz.

domingo, 8 de fevereiro de 2009











Quanto mais vivo e mais aprendo, menos sei. E isso deixa-me mesmo frustrada...
Ouço o ping ping lá fora. Chove e na minha alma também.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Raramente escrevo aqui. Isto é porque ando a escrever noutras paragens.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009


Felizmente hoje é dia da minha série preferida. Às vezes não é.






domingo, 25 de janeiro de 2009

Ando a pensar em dar um uso a este espaço...