segunda-feira, 9 de março de 2009

As estrelas e as flores de papel

Vi as estrelas. Aqui ainda se vêem as estrelas nos raros momentos em que nos lembramos que olhando para cima há uma obra de arte para admirar. Muitos já não se lembram da ultima vez que viram uma estrela no ceu. Como se pode viver sem olhá-las? Sem imaginar que se pode voar de estrela em estrela, brincar com a cauda de um cometa? Não as entendo, a essas pessoas que perderam a capacidade de imaginar. Nem entendo que se esqueçam que o mundo não é só feito de trabalho e dinheiro e problemas, mas também é feito de mar e de estrelas e de flores.






Nem uma brisa corre nestas ruas que calcorreei e por isso as magnólias e as camélias parecem feitas de papel, de tão quietas que estão. Não pareciam reais. Estiquei a mão para lhe tocar, mas pareciam mais longe a cada passo meu. A luz mortiça dos candeeiros da rua fazia-as parecer irreais. Ou pinturas. Pareciam pinturas. São tão belas as flores. Estão resguardadas por grades como se fossem objectos preciosos de valor incalculavel que ninguem pode tocar. É pena, coisas tão belas deveriam ser mantidas ao alcance de todos. As coisas belas quando tocadas têm o condão de passar imediatamente boas sensações a quem as toca.
Caminhei pelas ruas desertas, respirei o ar frio da noite e ouvi os meus passos. Admirei as flores e as estrelas, um gato passou por mim devagar. A par disso, os meus pensamentos eram tantos e sobre tantas coisas que tive que me obrigar a parar de pensar. Foi aí que vi as estrelas e sorri.

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